ONTEM, EM VIENA, OS FUNERAIS DE OTÃO DE HABSBURGO
Hino Imperial Austríaco, de Joseph Haydn, cantado ontem na missa de funeral na catedral de Santo Estêvão , em Viena, com a presença de S.A.R. O Senhor D. Duarte de Bragança.
Foi ontem a sepultar, aquele que foi o maior austríaco do século XX. Debalde procuraremos revolver a memória, tentando encontrar um único nome de um homem de Estado que oriundo daquele país, pudesse significar algo que escape ao nanismo político deste tempo. Otão foi único, fez a diferença e as homenagens que ontem lhe foram prestadas em Viena, são a prova do seu legado.
Foi ontem a sepultar, aquele que foi uma das grandes referências de uma certa ideia de Europa Unida que não chegou a existir. Uma Europa de pátrias e de nações, imbuída daquele sentido de pertença que outrora de Lisboa a Varsóvia, todos considerava como partes de uma Respublica Christiana.
Homem invulgar e pouco compreendido por quem hoje se rende a cocktails e aos acenos a patéticas sumidades de incerta futura reputação, Otto von Habsburg foi talvez o derradeiro representante de um espírito de missão próprio da era medieval, abdicando do conforto ou da glória pessoal, mas jamais da obrigação do cumprir de um dever que julgou sagrado e acima das contingências da baixa política e dos ciclos económicos ou de guerras que sempre combateu.
Se a Áustria-Hungria pode ser considerada como uma pujante precursora imolada no altar do egoísmo e da vingança de vencedores sem visão, Otto - aquele que nada temeu e soube enfrentar as grandes tiranias do século XX - poderia muito bem ter sido a primeira pedra de um edifício que hoje, quase todos duvidam ter qualquer possibilidade de construção. Nestes dias do fim, mal suportamos um quase hortícola Rompuy, quando podíamos ter simbolicamente iniciado um outro caminho com aquele que descendia de Otto I o Grande, de Dom Afonso Henriques, S. Luís, Carlos V, Dom João IV, Luís XIV e de mulheres como Dona Filipa de Lencastre ou a Imperatriz Dona Maria Teresa.
Foi ontem a sepultar, aquele que foi o maior austríaco do século XX. Debalde procuraremos revolver a memória, tentando encontrar um único nome de um homem de Estado que oriundo daquele país, pudesse significar algo que escape ao nanismo político deste tempo. Otão foi único, fez a diferença e as homenagens que ontem lhe foram prestadas em Viena, são a prova do seu legado.
Foi ontem a sepultar, aquele que foi uma das grandes referências de uma certa ideia de Europa Unida que não chegou a existir. Uma Europa de pátrias e de nações, imbuída daquele sentido de pertença que outrora de Lisboa a Varsóvia, todos considerava como partes de uma Respublica Christiana.
Homem invulgar e pouco compreendido por quem hoje se rende a cocktails e aos acenos a patéticas sumidades de incerta futura reputação, Otto von Habsburg foi talvez o derradeiro representante de um espírito de missão próprio da era medieval, abdicando do conforto ou da glória pessoal, mas jamais da obrigação do cumprir de um dever que julgou sagrado e acima das contingências da baixa política e dos ciclos económicos ou de guerras que sempre combateu.
Dele para sempre me ficará na memória, a afabilidade e o interesse mostrado por um rapaz português que no já longínquo ano de 1983 e em representação da então Nova Monarquia se dirigiu a Fulda, participando numa grande reunião da União Paneuropeia. Procurando falar no hesitante português que ainda recordava, naquele fresco Domingo passado a bordo de um navio de cruzeiros no Reno, Otto questionou-me longamente acerca de Moçambique e com a curiosidade que foi sempre a sua base essencial para o conhecimento, mostrou um inesperado e surpreendente interesse acerca de uma família que deixara a Europa quando ainda reinava em Viena o seu tio-bisavô, o Kaiser Francisco José. Teceu algumas considerações resignadas sobre uma forma de descolonização que julgava como um tremendo erro que atingia a Europa como um todo, espantando-me com a sua perfeita consciência acerca dos momentos por nós vividos no PREC. De Portugal conservava a gratidão nostálgica da sua infância no exílio e tinha um certo sentimento de pertença a uma já desaparecida consciência deste país e do seu povo. Falou-me da sua viagem à então África Portuguesa, onde visitando um chefe tribal, foi tratado como um membro da família, pois sendo parente muito chegado dos nossos Reis, beneficiou daquela rara distinção que o tornava num igual, num primo. Coisas portuguesas, talvez inconcebíveis por muitos europeus que ainda não compreenderam que o nosso fugaz momento de pouco mais de dois milénios, já terá terminado. Aquela conversa que também contou com a participação da sua filha mais militante pela Causa, a Arquiduquesa Walburga, chegou a um certo ponto onde alguns temas, completamente imprevistos pela evidente intimidade, levaram o grande Homem a discorrer sobre as suas relações familiares, tendo a Arquiduquesa dito peremptoriamente que o seu pai era ..."o mais Bragança de toda a família. Sai à minha avó Zita". Era verdade e podemos dizer que se celebram exéquias por um notável membro da grande Casa de Bragança. Otto de Habsburgo-Lorena descendia de Dona Maria II pela linha paterna, enquanto a mãe, a Imperatriz Zita, era neta de Dom Miguel I e prima direita de Dom Duarte Nuno.
Se a Áustria-Hungria pode ser considerada como uma pujante precursora imolada no altar do egoísmo e da vingança de vencedores sem visão, Otto - aquele que nada temeu e soube enfrentar as grandes tiranias do século XX - poderia muito bem ter sido a primeira pedra de um edifício que hoje, quase todos duvidam ter qualquer possibilidade de construção. Nestes dias do fim, mal suportamos um quase hortícola Rompuy, quando podíamos ter simbolicamente iniciado um outro caminho com aquele que descendia de Otto I o Grande, de Dom Afonso Henriques, S. Luís, Carlos V, Dom João IV, Luís XIV e de mulheres como Dona Filipa de Lencastre ou a Imperatriz Dona Maria Teresa.
30 de Dezembro de 1916, Otto nas cerimónias da coroação de seus Pais como Reis da Hungria
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