O FIM DE NÓS, TAL QUAL SOMOS E FOMOS
“As
únicas nações que têm futuro, as únicas que se podem chamar históricas,
são aquelas que sentem a importância e o valor das suas instituições e
que, por conseguinte, lhes dão apreço” - Tolstoi
Bem
se podia aplicar a frase de Tolstoi ao que se tem passado recentemente
(um recentemente que tem 35 anos…) com as Forças de Segurança e,
sobretudo, com as Forças Armadas. Mas não é sobre este tema específico
que vamos hoje, elaborar.
Comecemos com uma pergunta:
pode-se dizer, hoje em dia, que o Benfica é uma equipa “portuguesa”,
quando não apresenta um único jogador português, em campo? E sobre o
Beira-Mar, comprado, recentemente, por um empresário iraniano?
E
que dizer da selecção nacional que só pode ter jogadores nacionais, mas
a equipa técnica pode ser toda estrangeira? E vale fazer batota, indo
nacionalizar jogadores, à pressa, para os incluir no onze das Quinas.
Isto faz algum sentido? Pelos vistos faz…
Já
há, em vários municípios europeus, autarcas que são emigrantes – não
naturalizados – nomeadamente em localidades onde a maioria é emigrante.
Ainda não chegou cá, mas é uma questão de tempo. Estaremos no bom
caminho?
Outro
dia, creio que no ano passado, surgiu a ideia do “Erasmus Militar” e
logo nos deslumbrámos, querendo estar na linha da frente, para o que até
se organizou um colóquio na Academia Militar, sobre o assunto. Os
responsáveis terão reflectido bem sobre o que isto quer dizer e suas
consequências? Aliás, ainda poucos saberão, mas o governo alemão
prepara-se para permitir que sargentos e oficiais de outros países da
NATO/UE possam candidatar-se (concorrer?) a desempenharem as mesmas
funções nas suas FAs. Qual o verdadeiro significado de tudo isto?
Exigirão reciprocidade?
O
actual Ministro da Economia, num livro que escreveu, põe a hipótese –
querendo ironizar, supõe-se – que a Madeira possa vir a ser
independente. Logo a ideia foi glosada por muitos, num estilo
irresponsável, como se tivessem a falar de ir beber um copo com os
amigos. O Dr. Jardim devia, também, meter a mão na consciência para
avaliar as responsabilidades que tem neste cartório.
Os exemplos multiplicam-se.
As
pessoas andam a viver tão depressa, são bombardeadas com tantos
assuntos, a complexidade da vida e das relações internacionais atingiu
tal ponto, que ninguém tem tempo para pensar, ou sequer quer. As
asneiras só poderão acumular-se! Mas, perguntarão, porque estarei, eu,
preocupado com tudo isto se já temos a “Troika” a mandar em nós?
Sim,
porque agora o Governo – aqueles que, “supostamente” foram eleitos por
nós – não presta contas ao Parlamento e ao PR – e se presta é igual ao
litro – mas sim à dita Troika.
Já
é uma vergonha termos que pedir dinheiro emprestado no montante e no
modo como foi feito. Mas é vergonha maior, aceitarmos condições para que
esse empréstimo fosse feito, condições que implicavam não só, a
discriminação do que tínhamos que fazer, mas também os prazos que
tínhamos que cumprir e o tipo de fiscalização a que nos obrigavam a
submeter.
Por
mais voltas que possamos dar à imaginação isto só tem um nome: falta de
dignidade. Portámo-nos como vassalos medievos e assumimo-nos como
“escravos” modernaços!
E há, até, quem ache muito bem, alegando que nós não somos capazes de nos governar… Como se isso fosse uma razão aceitável!
Em
1928, última ocasião em que fomos confrontados com um cenário
semelhante – sendo então a Sociedade das Nações, quem fazia o papel, de
FMI e BCE – o governo português recusou a ignomínia. Parece que havia
gente com vergonha na cara…
Hoje em dia, constata-se que as pessoas desde que possam ir apanhar sol para o Algarve ficam na maior…
Na
sequência de tudo isto, os políticos em exercício, vão colocar todas as
jóias de família à venda a preços de saldo. Já começou com a trapalhada
mal contada do BPN e parece que só acabará na privatização da… água.
Adjectivar adequadamente semelhante acto obrigava-nos a incorrer no
Código Penal, pelo que espero que os leitores compreendam que o não
faça.
Pois é, tudo é negócio…
O
Estado Português está a deixar (há muito) de ser a expressão da Nação
politicamente organizada – definição clássica e correcta – para passar a
ser os “plutocratas organizados” em (no) Estado.
Nunca sairão de lá a bem. Nisso são iguais aos comunistas e afins.
Que São Nuno de Santa Maria nos acuda, pois quanto a vivos parece que estamos conversados.
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