sexta-feira, 26 de agosto de 2011

«DE TRINDADE COELHO, A PROPÓSITO DA MORTE DA RAINHA D. AMÉLIA DE ORLEÃES (1951)











"Não
dependo da realeza, como não dependo de qualquer facção partidária. A
minha alma juvenil tem vibrações de entusiasmo sincero, desde
entusiasmo franco e lhano, despreocupado e são, que não tem a pautá-lo a
norma servil da conveniência.


 



Eu
não sei genuflectir ante eminências sociais de qualquer categoria que
sejam, não sei calar a voz da consciência para vir a público
desempenhar o papel de turibulário oficial.


 


O
preito que ora venho render à Majestade que passa é, por conseguinte, o
preito de alguém que não tem nos lábios o sorriso que cativa para que
ele lhe disfarce o veneno do coração.



 




Este
preito antes de ser dirigido à Rainha é dirigido à Mulher; antes de
ser a manifestação balofa da minha admiração pela púrpura e pelo
arminho do manto - é o tributo do meu respeito à Virtude que enobrece e
que tem a consagrá-lo as bênçãos dos infelizes.


 




A realeza do trono fez da princesa uma Rainha, a realeza da Virtude fez da Mulher um Anjo.




 


Por isso eu a saúdo na sua passagem, por isso eu curvo a minha fronte como a curvaria diante da minha mãe, e só diante dela.


 




E é sincera a saudação, e é bem justo o preito, porque tem a justificá-lo a realidade positiva dos factos.


 




Salve,
pois, Rainha dos Portugueses! Caiam sobre ti as bênçãos do Céu como
caem sobre os desgraçados as bênçãos da tua Caridade.


 




E
é em nome dos desgraçados, em nome dos desprotegidos da sorte, que eu
te venho saudar, a ti que se não tivesses um trono que te dá a tua
posição e o teu sangue, havias de ter aquele que a virtude te levantou e
ante o qual eu ajoelho com aquele respeito com que só o faço no túmulo
de minha mãe.


 




Mais
que os brilhantes da tua coroa, brilham as lágrimas de gratidão
daqueles que a tua caridade protege. por isso te abençoamos, por isso
nos orgulhamos de te respeitar como Rainha porque te adoramos como
Mãe."










Nunca
palavras destas foram ditas a respeito de alguém da República e muito
menos ainda, da própria "criatura" que já há 101 anos nos sufoca e
parasita.»


 






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