quinta-feira, 9 de junho de 2011

O MEU 5 DE OUTUBRO

Ontem fui com o meu irmão a Guimarães participar da aclamação de D. Duarte de Bragança. A falta de informação acerca do evento por parte dos grandes media, e o mau tempo, me levaram a crer que encontraria por lá apenas uns gatos pingados. Mas isso aumentou a minha determinação em fazer os 150 Km de estrada.
 
Esperava encontrar chuva, todavia, ainda assim me preparei com todo o cuidado para me apresentar diante do Rei com toda a dignidade pedida pela ocasião e pensei para comigo mesmo: se tiver que ser, que venha uma chuva torrencial.
 
Felizmente a chuva, apesar do céu carregado, acabou por não vir, e mais gente pensou como eu; centenas de pessoas lá estavam apesar da ameaça de enxurrada. Havia gente de todos os estratos sociais e cantos da nação, além de bandeiras históricas para todos os gostos (a minha favorita é a do Reino Unido, como se vê no perfil). Só não vi aquela bandeira feia que os republicanos impuseram a Portugal.
 
Quanto a essa bandeira grotesca que tremula por todo o lado vizinha à bandeira do 4º Reich (UE para os profanos), como que uma recordação da grande obra da república, que foi transformar Portugal numa província de Bruxelas, no exterior ela serviu de inspiração para a bandeira de Val Verde, a república das bananas arrebentada por Schwartezenegger no filme Commando. A única coisa que a salva de ser um desastre completo é o escudo e a esfera armilar. Agora voltemos a Guimarães...
 
Foi a primeira vez que vi D. Duarte ao vivo e fiquei surpreso com a diferença entre o que esperava e o que vi. D. Duarte ao vivo é um homem com um porte físico magnífico e traços faciais muito distintos, enquanto na televisão parece mais baixo e menos belo. Toda essa beleza física é ainda por cima realçada pela elegância natural dos seus gestos e do seu caminhar, elegância coroada pela sua bonomia e pela sua modéstia cavalheiresca.
 
Já estive diante de muitos homens públicos e neles sempre me impressionou o facto de que não havia nada que me pudesse causar qualquer espécie de espanto ou admiração, muito pelo contrário. O sentimento que tive é o de que sou muito superior a eles e que o lugar que ocupam é desmerecido. Entre os senhores dessa lista, posso meter Durão Barroso, Sócrates, Mário Soares e Pinto Balsemão. Outra coisa comum a estes cavalheiros é que todos simulavam grotescamente importância e superioridade. Enfim, não teria o menor problema em dar ordens e bofetadas nos palhaços que nomeei.
 
Quanto a D. Duarte, o que senti foi uma emoção profunda que por vezes me levou a sentir lágrimas nos olhos - há nele uma áurea que nos faz sentir a proximidade de um passado glorioso - e um respeito instintivo semelhante àquele que possuímos por um membro mais velho e mais sábio da nossa família.
 
Apesar da afabilidade e da disposição de D. Duarte para cumprimentar a todos, não me senti digno de o tocar ou de receber a sua atenção, e me mantive à distância para o contemplar, o que já fez a viagem valer a pena.
 
Entre as pessoas que lá estavam acabei por conhecer algumas, com destaque para uma, com quem pude ter uma longa conversa acerca de temas como armas, letras e História, além de outros aspectos mais ligeiros da vida. Enfim, poderia resumir isso na velha fórmula nam idem velle atque idem nolle, ea demum firmum amicitia est.
 
Como última observação, refiro que venho de uma linhagem que há dois séculos parece escolher sempre o lado perdedor da História. Ainda que passe a maior parte do meu tempo reclamando do estado de coisas, na presença de D. Duarte senti que talvez tenha eu o privilégio de ser o membro da família que quebrará o encanto. Tenho plena convicção que está nas mãos da nossa geração a possibilidade de finalmente derrotar o espírito revolucionário que desde há muito têm vindo a destruir tanto Portugal como o Brasil.
 
Algo me faz sentir que ainda verei os Braganças aclamados nos dois lados do Atlântico e o terrível ciclo mação da nossa História finalmente morto e enterrado.

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