terça-feira, 13 de abril de 2010

A HISTÓRIA DE UM REINO QUASE PERDIDO (CAPÍTULO III)

O assassínio do Presidente popular provocou grande desorientação, alguns dos chefes republicanos estavam longe e não quiseram voltar.

Foi o que fez o mais activo dos republicanos. Afonso Costa ficou em Paris, onde já estava acomodado.

Organizou-se então um novo partido dos amigos de Sidónio Pais, o popular Presidente assassinado.

Houve amigos do Rei exilado, que se aproximaram deste novo partido, que também exprimia simpatia pelo Rei.

Para o Paladino aquele era o momento da restauração do Reino.

O Rei tinha um representante no Ex-Reino, de nome Ayres d’Ornelas. Este deu o aval a Paiva Couceiro para toda a acção. Falou em nome de D. Manuel disse… Go On.

Ayres d´Ornelas acreditava que os novos políticos do novo partido sidonistas, apoiariam a restauração do Reino.

Mas os políticos sidonistas hesitavam, pois não havia entre eles uma sintonia generalizada no apoio à restauração do Reino. Hesitaram também muitos apoiantes do Reino, que agora eram políticos partidários.

O Movimento da Restauração do Reino, não podia ficar paralisado pelas hesitações dos políticos.

O Herói fardado a rigor, à frente de uma coluna de homens mal armados, invadiu o Porto e hasteou a bandeira azul e branca, na Câmara Municipal.

O Reino estava restaurado, pelo Paladino.

Fez a declaração do Reino, da varanda do edifício para os soldados, que o tinham seguido e que agora estavam perfilados.

A hesitação dos políticos foi fatal para o movimento.

Também viria a ser fatal para os políticos, que hesitaram.

Os homens do avental, e os seus braços armados, os carbonários, reagiram e convocaram todos os civis para defenderem a sua República.

Esta mobilização civil foi feita na Praça do Campo Pequeno, onde foram distribuídas as armas.

O Movimento Monárquico de Lisboa foi assim surpreendido, pela hesitação que tinha como base a expectativa do apoio político partidário.

Acabaram por ser perseguidos e cercados pelas milícias civis, no planalto de Monsanto, onde num acto de heroísmo içaram bem alto a bandeira azula e branca.

Foram atacados, mas não ripostaram porque não fazia sentido para homens honrados, atirar sobre civis seus irmãos compatriotas.

Foram derrotados, porque foram humanos, patriotas e homens de princípios.

Hesitaram no seu apoio a Paiva Couceiro muitas praças, na expectativa do que se passava em Lisboa.

Mas Paiva Couceiro, mantinha-se firme e decidido. Ele tinha restaurado o Reino.

As notícias da derrota de Monsanto, deram ânimo nas hostes republicanas e provocaram a hesitação ou desânimo nas praças apoiantes da restauração.

O Paladino via-se agora obrigado a sair com frequência do Porto, para restabelecer a ordem do Reino restaurado, em lugares onde esse ânimo republicano provocava escaramuças.

Foi num desses momentos da sua ausência, que o Porto foi tomado pelas forças fiéis aos republicanos.

A Monarquia do Norte tinha acabado.

Durara dois meses e o Rei de novo proclamado, nunca mais haveria de reinar.

D. Manuel II, não tinha chegado a voltar.

Em todo este movimento heróico da restauração do Reino, um grupo de jovens intelectuais e políticos se distinguiu. Eles constituíam um Movimento político que haveria de continuar a lutar.

O Integralismo Lusitano foi o último movimento sólido de defesa ideológica do Reino.

Nomes de grandes portugueses da cultura, do pensamento e da acção, estiveram na origem deste movimento… Ramalho Ortigão; Rui Ulrich; Hipólito Raposo; Luís de Almeida Braga; José Pequito Rebelo; António Sardinha; Vasco de Carvalho; Luís de Freitas Branco; Xavier Cardoso; Alberto de Monsaraz; Francisco Rolão Preto.

Este acto falhado da restauração do Reino, iria deixar feridas entre os apoiantes do Reino.

Acentuava-se agora a divisão entre os chamados Legitimistas e os Legalistas.

Uns apoiavam o ramo dos descendentes do Rei D. Miguel I, outros o Rei D. Manuel II.

Esta divisão monárquica, irá ser aproveitada, para reforço do poder republicano.

Mas os parlamentaristas republicanos, nunca conseguiram recuperar a alma do povo, e muito menos as finanças e a economia de um Ex-Reino dividido e com tanta convulsão.

Uma nova revolução vitoriosa, acontecerá a 28 de Maio de 1926.

Porém esta revolução tinha como premissa apenas a ordem e não um objectivo claro de unificação.

Os seus três grandes chefes protagonistas… Mendes Cabeçadas; Gomes da Costa e Óscar Carmona, irão desentender-se quanto ao objectivo político e passar a adversários.

Com o país empobrecido, com a democracia mal tratada e espezinhada pelos políticos, a solução natural para manter uma Nação e um Império, foi a ordem.

A ordem e a disciplina, transformou-se em objectivo político e ideológico.

A ditadura republicana, estava a chegar.

José Andrade

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