A Mentira histórica, tenta salvar a Mentira política.Um destacável de hoje (28/03/2010) do Jornal de Notícias faz toda uma homenagem a Alexandre Herculano, pois comemora-se o bicentenário do seu nascimento.
Tenta-se colar o pensamento de Alexandre Herculano, ao idealismo republicano e associar esta comemoração à do centenário da República.
Não há já escrúpulos perante o respeito que nos deve merecer uma dos mais brilhantes romancistas e historiadores portugueses.
Com a mentira tenta-se salvar a mentira.
Alexandre Herculano é apresentado como um defensor do ideal republicano, num texto assinado por Claudia Luis, em que se deturpa grosseiramente, o pensamento político do nosso grande historiador, romancista, poeta e político.
Alexandre Herculano, que foi instrutor do D. Pedro V, que foi determinante para a consistência ideológica e política, desse extraordinário jovem Rei de Portugal.
Alexandre Herculano, que foi um dos grandes investigadores históricos portugueses.
Alexandre Herculano, que chorou que nem uma criança no funeral do seu Rei e aluno.
Alexandre Herculano que deixou como seu testamento, a mensagem histórica aos portugueses….” Se correrem com os Reis hoje, terão de voltar a chama-los”.
Alexandre Herculano que foi um dos maiores lutadores pela verdade e pela liberdade de expressão, é agora violentado na sua ideologia e nas suas convicções, através da mentira que apenas pretende salvar o culto da actual mentira.
Alexandre Herculano era um democrata, mas era monárquico e defensor do Reino de Portugal.
O que se pretende agora é tentar preservar a mentira, de que Republica é sinónimo de democracia.
Não foi democracia a 1ª Republica, não foi democracia a 2ª Republica, a actual Republica é um simulacro de democracia formal, uma mentira formal, que se tenta salvar com a mentira histórica, ofendendo o idealismo de figuras grandes da nossa literatura e da nossa história..
São os portugueses ofendidos por este tipo der sobranceria de algumas pessoas que por motivações políticas, não têm escrúpulos de ofender a memória de Homens grandes, e não têm vergonha de deturpar toda a sua luta empenhada na defesa dos seus idealismos políticos.
A verdade é que vivemos numa Oligarquia partidária, a verdade é que hoje somos um país totalmente dependente, em que os supostos representantes do povo, já não o representam porque são submissos às dependências externas e ao sistema financeiro que governa todo o mundo.
A democracia foi condenada, é a verdade que se pretende esconder, através de toda esta mentira.
Os Homens e Mulheres livres já não têm condições de serem ouvidos e escutados.
A mentira tem assim o privilégio de poder ser divulgada e de ser exclusiva da informação que é dada aos portugueses.
Tudo está controlado, pela promiscuidade entre o mundo das finanças internacional e os políticos dependentes, dos países dependentes.
A mentira prevalece, a subjugação dos povos, das sociedades, dos países, aos interesses financeiros é a consequência de sonhos ilusórios, que se instalaram e que se promovem numa campanha permanente, que a toda a hora nos invade a própria privacidade dos nossos lares.
A mentira que não tem escrúpulos, é desumana e destruidora das sociedades, uniformizadora dos costumes e das vivencias, que serve apenas o interesse de uma elite mundial.
Resta como esperança, a persistência dos Homens e Mulheres livres, que numa luta pela verdade e pela recuperação do humanismo, consigam pela sua persistência, preservar uma reserva de valores nas sociedades, que permita e ocasione o ressuscitar da consciência dos povos, perante as graves crises sociais e políticas, que são inevitáveis.
Estes Homens e Mulheres livres, os que apontam que uma sociedade com um passado e com uma história tem direitos e que esses direitos constituem o sentido de país e de uma Nação, podem estar hoje silenciados, mas são a reserva humana da verdade.
Portugal ainda tem sentido, a sociedade portuguesa ainda tem direitos, os portugueses voltarão a ter o direito de decidir sobre o seu futuro e a governar em Portugal.
José J. Lima Monteiro Andrade
(Fonte: Blogue Desafio de Mudança)«Olhamos impassivelmente para as doutrinas republicanas, como olhamos para as monárquicas. Não elevamos nenhuma a altura de dogma. Não nos cega o fanatismo, nem perguntamos qual delas tem mais popularidade. É já tempo de examinar friamente, e de discutir com placidez, qual dos dois princípios pode ser mais fecundo para assegurar a liberdade e, depois da liberdade, a ordem e a civilização material destas sociedades da Europa, moralmente velhas e gastas. Persuadidos de que a monarquia, convenientemente modificada na sua acção, resolverá melhor o problema, preferimo-la sem nos irritarmos contra os seus adversários; sem os injuriarmos, sem acusar as suas intenções, recurso covarde de quem desconfia da solidez das próprias doutrinas. A nossos olhos a monarquia existe pelo povo, e para o povo, e não por Deus e para Deus. A existência de um poder público, de um nexo social, é o que se estriba no céu, porque a sociabilidade é uma lei humanitária. A revelação divina confirmou este facto achado também no mundo pela filosofia política. “Por mim”, disse a voz do Senhor, “reinam os reis, e os legisladores promulgam o que é justo”. A sabedoria suprema supôs a autoridade na terra: não curou de que fosse só um que a exercesse, ou que fossem muitos. Aprendamos a tolerância política nas divinas páginas da Bíblia.»
HERCULANO, Alexandre – Opúsculos. Tomo I. Questões públicas: política. Lisboa: Livraria Bertrand, 1983, pp. 267-268
(Fonte: Centenário da República)- Nome: Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo
- Nascimento: 28-3-1810, Lisboa
- Morte: 18-9-1877, Vale de Lobos, Santarém
Poeta, romancista, historiador e ensaísta português, Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu a 28 de Março de 1810, em Lisboa, e morreu a 18 de Setembro de 1877, em Santarém.
A sua obra, em toda a extensão e diversidade, ostenta uma profunda coerência, obedecendo a um programa romântico-liberal que norteou não apenas o seu trabalho mas também a sua vida.
Nascido numa família modesta, estudou Humanidades na Congregação do Oratório, onde se iniciou também na leitura meditada da Bíblia, o que viria a marcar a sua mundividência. Impedido por dificuldades económicas e familiares de frequentar a Universidade, preparou-se para ingressar no funcionalismo, frequentando um curso prático de Comércio e estudando Diplomática na Torre do Tombo, onde aprendeu os rudimentos da investigação histórica. Por esta altura, com 18 anos, já se manifestava a sua vocação literária: aprendeu o francês e o alemão, fez leituras de românticos estrangeiros e iniciou-se nas tertúlias literárias da marquesa de Alorna, que viria a reconhecer como uma das suas mentoras. Em 1831, envolvido numa conspiração contra o regime miguelista, foi obrigado a exilar-se, primeiro em Inglaterra (Plymouth) e depois em França (Rennes).
No exílio, aperfeiçoou o estudo da história, familiarizando-se com as obras de historiadores como Thierry e Thiers, e leu os que viriam a ser os seus modelos literários: Chateaubriand, Lamennais, Klopstock e Walter Scott. Em 1832, participou no desembarque das tropas liberais em Mindelo e na defesa do Porto, onde foi nomeado segundo-bibliotecário e encarregue de organizar os arquivos da biblioteca. Entre 1834 e 1835, publicou importantes artigos de teorização literária na revista Repositório Literário, do Porto, (posteriormente compilados nos Opúsculos). Em 1836, por discordâncias com o governo setembrista, demitiu-se do seu cargo de bibliotecário e publicou o folheto A Voz do Profeta. Em Lisboa, dirigiu a mais importante revista literária do Romantismo português, O Panorama, para que contribuiria com diversos artigos, narrativas e traduções, nem sempre assinados. Em 1839, aceitou o convite de D. Fernando para dirigir as bibliotecas reais da Ajuda e das Necessidades, prosseguindo os seus trabalhos de investigação histórica, que viriam a concretizar-se nos quatro volumes da História de Portugal, publicados no decurso das duas décadas seguintes. Foi precisamente por essa altura que se envolveu numa polémica com o clero, ao questionar o milagre de Ourique, polémica que daria origem aos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. Eleito deputado pelo Partido Cartista em 1840, demitiu-se no ano seguinte, desiludido com a actividade parlamentar.
Voltou à política em 1851, fundou o jornal O País, mas logo se desiludiu com a Regeneração, manifestando o seu desagrado pela concepção meramente material de progresso de Fontes Pereira de Melo. Em 1853, fundou o jornal O Português, e dois anos depois foi nomeado vice-presidente da Academia Real das Ciências e incumbido pelos seus consórcios da recolha dos documentos históricos anteriores ao século XV - tarefa que viria a traduzir-se na publicação dos Portugaliae Monumenta Historica, iniciada em 1856. Neste mesmo ano tornou-se um dos fundadores do partido progressista histórico e em 1857 atacou a Concordata com a Santa Sé. Em 1858, recusou a cátedra de História no Curso Superior de Letras. Entre 1860 e 1865, envolveu-se em nova polémica com o clero, quando, ao participar na redacção do primeiro Código Civil Português, defendeu o casamento civil. Em 1865, fruto das suas reflexões, saíram os Estudos sobre o Casamento Civil. Em 1867, desgostoso com a morte precoce de D. Pedro V, rei em quem depositava muitas esperanças, e desiludido com a vida pública, retirou-se para a sua quinta em Vale de Lobos (comprada com o produto da venda das suas obras), onde se dedicaria quase exclusivamente à vida rural, casando com D. Maria Hermínia Meira, sua namorada da juventude.
Apesar deste novo e voluntário exílio, continuou a trabalhar nos Portugaliae Monumenta Historica, interveio em 1871 contra o encerramento das Conferências do Casino, orientou em 1872 a publicação do primeiro volume dos Opúsculos e manteve correspondência com várias figuras da vida política e literária. Morreu de pneumonia aos 67 anos, originando manifestações nacionais de luto.
(Fonte: Infopedia)