PORTUGAL FOI-NOS ROUBADO do Monárquico João Ferreira Rosa (*)
Letra
Portugal foi-nos roubado
há que dize-lo a cantar
para isso nos serve o fado
para isso e para não chorar.
Cinco de Outubro de treta
o que foi isso afinal?
dona Lisboa de opereta
muito chique e por sinal.
Sou português e por tal
nunca fui republicano
o que eu quero é Portugal
para desfazer o engano.
Os heróis republicanos
banqueiros, tropa, doutores
no estado em que ainda estamos
só lhes devemos favores.
Outubro Maio e Abril
cinco dois oito dois cinco
reina a canalha mais vil
neste branco verde e tinto.
Sou português e por tal
nunca fui republicano
o que eu quero é Portugal
para desfazer o engano!
Publicada por Bravura Lusitana
(Fonte: Blogue Monárquico Lusitano)
(*) Fadista e letrista, João Manuel Soares Ferreira-Rosa nasceu a 16 de Fevereiro de 1937, em Lisboa. Monárquico convicto, é o intérprete do famoso fado "O Embuçado".
Nasceu na capital, na Rua de Rodrigo da Fonseca, mas foi nas férias do Verão, em Castelo de Vide, que, entre familiares e amigos, começou a cantar. O que inicialmente mais o interessou foram as melodias do cante alentejano. Mas desde logo passou para o fado, tendo sempre grande admiração por Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro e, mais tarde, Manuel de Almeida.
Aos 13 anos, foi para a Escola Agrícola de Santarém. Ali, os caloiros sujeitavam-se a praxes violentas. Mas quando os veteranos descobriram que Ferreira-Rosa cantava o fado, perdoaram-lhe a humilhação, com a condição única de que ele cantasse sempre que lhe fosse pedido. E foi assim que, em Santarém, se estreou em público. E também começou a escrever letras, para si e para os outros.
Foram os primeiros passos de uma carreira sui generis. Nos anos 60, substituiu Maria Teresa de Noronha na Emissora Nacional. Por essa altura, gravou os seus primeiros EP, após grande insistência de Pouzal Domingues. Mas quando a Valentim de Carvalho sugeriu a gravação de um LP, ele rescindiu o contrato, por achar que o formato era demasiado longo para o fado. De resto, nunca se profissionalizou, alegando cantar só quando lhe apetece. E é por isso que se considera o mais famoso dos amadores.
Em 1966, por sugestão de Álvaro Roquete, então director-geral do Turismo, abriu a casa de fados A Taverna do Embuçado, num edifício histórico, em plena Alfama. Tornou-se rapidamente uma das mais famosas casas de Lisboa. Por ali passaram grandes nomes do fado, de Amália Rodrigues a João Braga.
Em 1975, a Taverna do Embuçado foi ocupada pelos próprios trabalhadores. E só voltou a abrir pelas mãos de Ferreira-Rosa, em 1980.
João Ferreira-Rosa é um activista monárquico. Esteve ligado ao Partido Popular Monárquico no seu início e afastou-se aquando da saída dos seus fundadores, Gonçalo Ribeiro Teles e Barrilaro Ruas. Tal filiação ideológica não o impediu de apoiar o comunista Demétrio Alves à Câmara Municipal de Loures, por o considerar um bom autarca.
O tema mais famoso do reportório de João Ferreira-Rosa é, sem dúvida, "O Embuçado". Da autoria de Gabriel d'Oliveira, foi-lhe 'oferecido' pela fadista Márcia Condessa. Além deste, ficaram famosos na sua voz fados como "O Meu Amor Anda em Fama" (Pedro Homem de Mello/Reinaldo Varela), "Mansarada" (João Ferreira-Rosa/Alfredo Duarte), "Triste Sorte" (João Ferreira-Rosa/Alfredo Duarte), "Despedida" (Pedro Homem de Melo/João Marques Amaral), "Fado das Mágoas" (João Ferreira-Rosa/Pedro Lafoens), "Partida" (João Ferreira-Rosa/Joaquim Campos) ou "Os Lugares por onde andámos" (João Ferreira-Rosa/José Franklin). Tem uma discografia curta atendendo ao seu longo percurso. Destacam-se os álbuns Embuçado (1988), Ontem e Hoje (1996) - um duplo CD com oito temas antigos e onze novos fados -, No Wonder Bar do Casino do Estoril (2004) e a colectânea Embuçado (2005), todos com a chancela da Emi-Valentim de Carvalho. Em 2003, participou no álbum Encantamento, de Mafalda Arnauth, num dueto com a própria fadista em "Na Palma da Minha Mão".
João Ferreira-Rosa. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2010
Acho que ninguém nos perdoaria agora se não ouvíssimos "O EMBUÇADO". Um bom domingo a todos.
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