terça-feira, 4 de outubro de 2011

O MEU CINCO DE OUTUBRO TEM BIGODE

Um dia disseram uns republicanos – na verdade não sei muito bem se os há, tal como se os conhecem, mas utilizo a palavra republicano como representação daqueles Portugueses tontos, incapazes de ceder, creio que por orgulho, perante a evidência das vantagens de ter um rei como chefe de estado – que o monarquismo em Portugal não passa de um bando de anacrónicos embigodados que, de camisa ao xadrez, passam os serões em casa, ao som de fado, a polir os seus anéis. Excepto nos dias de festa brava no Campo Pequeno ou no T-Club.

E os monárquicos ouviram, morderam o lábio, engoliram em seco e disseram que não. Não pode ser! Isso não são monárquicos! Os monárquicos somos o povo! Gente rude, do campo! Somos do Benfica. Somos de esquerda. Estamos em crise mas somos honrados, gente trabalhadora. Olhe que nem sequer gostamos de touradas! Ah, não sei se já lhe disse: somos ateus, todos ateus, que isso de ser Católico é coisa de outros tempos. Isso! Um verdadeiro monárquico é ateu.

E assim lavaram a cara, os monárquicos, engrossaram as fileiras e restauraram a possibilidade de poder dizer-se em público, com orgulho: Eu Quero um Rei!

Os homens de bigode foram postos de lado. As mulheres também. Não contam para as contas, não os queremos no nosso movimento, nos nossos fóruns de discussão, nos nossos grupos de facebook. Fora com eles! Fora com esses pobres imbecis que só dão mau nome à Causa! Com eles nunca teremos um Rei em Portugal! Prá fogueira com esses patuscos!

E assim estabelecemos uma linha entre os monárquicos bons e os monárquicos maus. Vamos contruindo um muro todos os dias, calhau a calhau, até não podermos mais ver a cara de quem se encontra do outro lado. E assim vamos nós, lançando, orgulhosos, as nossas pedras de um lado ao outro. Entretanto as pedras que caem à nossa volta vão-se amontoando e, devagarinho, vamos concretizando aquele que é o único feito que conseguimos fazer todos juntos, com uma eficácia estonteante. Assim, entre guerrinhas estéreis e dissimulado escárnio, vamos criando o muro que nos separa do resto de Portugal e nos afasta do único objectivo que nos une.

Não nos basta aceitar a evidência das vantagens de ter um rei como chefe de estado, trabalhando para que isso seja possível em Portugal. Temos – não sei por que raio mas temos, temos sempre – de ter partidos.

O meu 5 de Outubro tem bigode. E anéis e touradas e camisas de xadrez.  Até audis brancos ele tem. O meu 5 de Outubro será passado em Coimbra, de bandeira na mão, ao lado do Rei que eu quero para Portugal.


publicado por Felipe de Araujo Ribeiro em Estado Sentido

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