POR UM TEJO VIVO E NÃO RADIOACTIVO
Na Europa encontram-se em funcionamento um terço das centrais nucleares do mundo (149 - 34%), que produzem uma equivalente proporção da geração da energia eléctrica neste continente (38%) e da produção de energia nuclear mundial (38%), predominantemente localizadas na França, Reino Unido e Alemanha.
O acidente de Fukushima, Japão, veio relembrar que os perigos da energia nuclear na Europa e na península ibérica com diversas organizações portuguesas e espanholas a reclamarem mais uma vez o encerramento de todas as centrais nucleares em Espanha (10 reactores nucleares), que foram construídas apesar das fortes mobilizações antinucleares.
A 15 de Março de 1976, Portugal disse não ao Nuclear em Ferrel, no concelho de Peniche, localidade situada numa zona de sismicidade elevada, graças à população que se insurgiu contra a construção de uma central nuclear na sua terra.
As águas do rio Tejo servem os sistemas de refrigeração das centrais nucleares espanholas de Trillo, através da barragem de La Ermita, e de Almaraz, na albufeira de Arrocampo.
A central nuclear José Cabrera até 2006 também se refrigerava com as suas águas na barragem de Zorita, tendo sido encerrada após 38 anos de actividade.
A central nuclear de Almaraz descarrega as águas de refrigeração dos seus dois reactores no rio Tejo, aumentando a radioactividade artificial do seu leito de acordo com o Instituto Tecnológico e Nuclear, apenas a sete quilómetros do Parque Nacional de Monfrague e a cento e dez quilómetros do Parque Nacional do Tejo Internacional, em território português, locais onde se alimentam as cegonhas negras, as águias imperiais e os abutres negros.
Em Outubro de 2010, realizou-se uma Conferência Internacional de Risco Tecnológico Nuclear que incidiu sobre um cenário de terramoto na zona de Almaraz aportando riscos de acidente nuclear e de inundação que adviria do rebentamento da barragem de Vadecañas e do consequente galgamento da Barragem de Cedilho, provocando inundações desde Vila Velha de Rodão até à Barragem do Fratel, tendo ficado por saber se as barragens de Fratel e Belver aguentariam tais cargas.
Um eventual acidente nuclear levaria a um aumento da contaminação radiológica do rio Tejo entre as barragens do Alto Tejo português cujos efeitos se estenderiam até Lisboa visto que a água e o ar são os melhores condutores de radiação e o rio corre sempre na mesma direcção, para a foz.
Apenas seria possível garantir as medidas de protecção básicas à população como permanecer dentro dos edifícios, fechar todas as portas e janelas, desligar ventilações e lavar com água e sabão as vítimas contaminadas com radioactividade visto que o exército apenas dispunha de material de descontaminação para os seus elementos, motivo pelo qual o simulacro realizado em Novembro apenas testou a resposta da protecção civil aos riscos de inundação.
A inquietação que provoca esta insuficiência de meios de intervenção aumenta devido a outras lacunas, desde a ausência de planos de emergência para as várias cidades e regiões afectadas, apenas elaborados para a região de Castelo Branco, a escassa coordenação entre os organismos responsáveis e até à falta de informação dos cidadãos sobre estes riscos.
A Central de Almaraz iniciou o seu funcionamento em Outubro de 1981 tendo a mesma antiguidade que as centrais recentemente encerradas na Alemanha para avaliar a sua segurança e ponderar a sua continuidade em funcionamento.
Ao invés, o governo espanhol afirmou de forma peremptória que "as centrais em Espanha são seguras" mas "anunciou que vai ser realizada uma revisão dos sistemas em vigor, especialmente para lidar com cenários de catástrofes naturais".
O governo português afirmou que "Portugal estará, pelo menos, tão preparado como o Japão", enquanto o responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro de Portalegre afirmou que "uma eventual explosão na central nuclear de Almaraz obrigaria à “progressiva” retirada da população da zona de Portalegre" e que outro passo “seria desenvolver um plano de descontaminação junto das pessoas e das águas do rio Tejo".
Afinal as centrais nucleares espanholas são ou não são seguras?
Existem ou não existem planos de emergência e meios de descontaminação?
Será este o momento de investir seriamente na investigação de energia alternativas e sem riscos para o bem-estar ambiental e humano?
Será que a lamentável tragédia do Japão é suficiente para a consciência de que a energia nuclear não é solução?
A única forma de garantir a segurança das populações é dizer não ao nuclear e optar por energias verdadeiramente limpas e seguras.
Por um Tejo sem radioactividade!
Paulo Constantino
O acidente de Fukushima, Japão, veio relembrar que os perigos da energia nuclear na Europa e na península ibérica com diversas organizações portuguesas e espanholas a reclamarem mais uma vez o encerramento de todas as centrais nucleares em Espanha (10 reactores nucleares), que foram construídas apesar das fortes mobilizações antinucleares.
A 15 de Março de 1976, Portugal disse não ao Nuclear em Ferrel, no concelho de Peniche, localidade situada numa zona de sismicidade elevada, graças à população que se insurgiu contra a construção de uma central nuclear na sua terra.
As águas do rio Tejo servem os sistemas de refrigeração das centrais nucleares espanholas de Trillo, através da barragem de La Ermita, e de Almaraz, na albufeira de Arrocampo.
A central nuclear José Cabrera até 2006 também se refrigerava com as suas águas na barragem de Zorita, tendo sido encerrada após 38 anos de actividade.
A central nuclear de Almaraz descarrega as águas de refrigeração dos seus dois reactores no rio Tejo, aumentando a radioactividade artificial do seu leito de acordo com o Instituto Tecnológico e Nuclear, apenas a sete quilómetros do Parque Nacional de Monfrague e a cento e dez quilómetros do Parque Nacional do Tejo Internacional, em território português, locais onde se alimentam as cegonhas negras, as águias imperiais e os abutres negros.
Em Outubro de 2010, realizou-se uma Conferência Internacional de Risco Tecnológico Nuclear que incidiu sobre um cenário de terramoto na zona de Almaraz aportando riscos de acidente nuclear e de inundação que adviria do rebentamento da barragem de Vadecañas e do consequente galgamento da Barragem de Cedilho, provocando inundações desde Vila Velha de Rodão até à Barragem do Fratel, tendo ficado por saber se as barragens de Fratel e Belver aguentariam tais cargas.
Um eventual acidente nuclear levaria a um aumento da contaminação radiológica do rio Tejo entre as barragens do Alto Tejo português cujos efeitos se estenderiam até Lisboa visto que a água e o ar são os melhores condutores de radiação e o rio corre sempre na mesma direcção, para a foz.
Apenas seria possível garantir as medidas de protecção básicas à população como permanecer dentro dos edifícios, fechar todas as portas e janelas, desligar ventilações e lavar com água e sabão as vítimas contaminadas com radioactividade visto que o exército apenas dispunha de material de descontaminação para os seus elementos, motivo pelo qual o simulacro realizado em Novembro apenas testou a resposta da protecção civil aos riscos de inundação.
A inquietação que provoca esta insuficiência de meios de intervenção aumenta devido a outras lacunas, desde a ausência de planos de emergência para as várias cidades e regiões afectadas, apenas elaborados para a região de Castelo Branco, a escassa coordenação entre os organismos responsáveis e até à falta de informação dos cidadãos sobre estes riscos.
A Central de Almaraz iniciou o seu funcionamento em Outubro de 1981 tendo a mesma antiguidade que as centrais recentemente encerradas na Alemanha para avaliar a sua segurança e ponderar a sua continuidade em funcionamento.
Ao invés, o governo espanhol afirmou de forma peremptória que "as centrais em Espanha são seguras" mas "anunciou que vai ser realizada uma revisão dos sistemas em vigor, especialmente para lidar com cenários de catástrofes naturais".
O governo português afirmou que "Portugal estará, pelo menos, tão preparado como o Japão", enquanto o responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro de Portalegre afirmou que "uma eventual explosão na central nuclear de Almaraz obrigaria à “progressiva” retirada da população da zona de Portalegre" e que outro passo “seria desenvolver um plano de descontaminação junto das pessoas e das águas do rio Tejo".
Afinal as centrais nucleares espanholas são ou não são seguras?
Existem ou não existem planos de emergência e meios de descontaminação?
Será este o momento de investir seriamente na investigação de energia alternativas e sem riscos para o bem-estar ambiental e humano?
Será que a lamentável tragédia do Japão é suficiente para a consciência de que a energia nuclear não é solução?
A única forma de garantir a segurança das populações é dizer não ao nuclear e optar por energias verdadeiramente limpas e seguras.
Por um Tejo sem radioactividade!
Paulo Constantino
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