MEDINA CARREIRA: A MONARQUIA CONSTITUCIONAL REDUZIDA A UMA BARRA
O Presidente da República assinalou o terceiro ano do seu mandato com mais uma jornada do Roteiro para a Inclusão, dedicada ao desemprego, nos concelhos de Barcelos, Braga e Porto, para “apelar à força solidária dos portugueses”, mais dinheiro gasto em passeios presidênciais ,qual cópia barata de uma corte itinerante que não resolve nada , para aparecer nos noticiários das 20:00.A única coisa que o PR pode fazer…salvar-se a si próprio
O Presidente da República admitiu a meio do roteiro em Barcelos e depois de confrontado pelo protesto de cerca de 50 trabalhadores, despedidos da TOR e da Carfer, que não tem soluções para o aumento do desemprego. Cavaco Silva limitou-se, por isso, a deixar uma palavras de solidariedade aos trabalhadores.
Esta atitude por parte do Chefe de Estado motivou várias reacções negativas que elevaram o tom de critica para com os orgãos de soberania…uma dessas vozes foi a do Fiscalista e antigo governante Medina Carreira que comparou a recessão e crise eminentes com o que se passou nos reinados de D. Carlos e D. Manuel
Nada mais falso!
(16 de Março de 2009)
O Professor Medina Carreira tem assumido nos últimos tempos uma inclinação, não só pessimista como cada vez mais anti-democrática, chegando ao ponto de considerar publicamente como inútil o sistema democrático de eleição.
Devido ao caractér pessimista e “bota abaixo” que impõe capta as simpatias de um povo que se habituou a preferir uma voz pessimista á confiança nos orgãos de soberania.A razão não é imune à incapacidade que o sistema republicano tem em apresentar soluções viáveis de longo prazo, dai a referência negativa que faz aos partidos, estruturas ás quais já pertenceu
Fruto da inoperância estrutural o sistema partidáro tem provado que a ausência de um poder de longo prazo inviabiliza qualquer plano, credibiliza e premeia a ignorância e acima de tudo põe ciclicamente em causa o Pacto Social e a Democracia em Portugal
Não é por isso de admirar que a Republica, em Portugal, apenas funcione em ditadura..fim último de um regime que prescinde irresponsavelmente de um Rei
As afirmações de Medina Carreira em “prime time”
«O Presidente fez muito bem»
«o país anda ao serviço dos partidos politicos (…) andam na majedoura estadual»
«de 1900 a 1920 andamos a rastejar perto de zero»
«nós estamos ao mesmo nível que estiveram os últimos anos da monarquia.desde que foi o golpe de 5 de Outubro ,tirando a fase da I grande guerra, nunca mais a economia foi tão rasteira como é neste 2000-2010»(?)
Os reinados de D. Carlos e D. Manuel II reduzidos a uma barra…!
Medina Carreira, na intervenção acima posta usou do gráfico aqui exposto para demonstrar que caminhamos para uma situação “igual” (?) ao periodo final da monarquia.
Não fosse a afirmação originária de alguém com formação e responsabilidade poder-se-ia afirmar estarmos a assistir a uma réplica da propaganda republicana do principio do sec. XX
A afirmação em si contém vários erros e uma conclusão errada:
Os Erros
1º erro: a matemática
Fazer médias dá muito jeito para impor ideias, mas se substituir-mos o gráfico acima por este:
Ficamos todos com uma ideia muito mais clara de onde para a verdade.
A estabilidade na variação do crescimento (muito volátil) era algo que estava a ser atingido já em 1907, e só posteriormente recuperado a partir da decada de 30 do sec XX, em Ditadura.
Para quem quer evidênciar a Ditadura em deterimento da Monarquia é meio caminho andado, mas jamais a verdade.Póis se é verdade que a monarquia foi democrática já não é verdade que apenas em ditadura Portugal tenha crescido
2º erro, estatistico
explicar evoluções da riqueza em gráficos de barras é util para explicar fenómenos, mas pressupõe uma média no periodo considerado o que é muito util para desvirtuar e dar outro sentido aos dados..um exemplo:
poder-se-ia afirmar que a Monarquia foi um desastre desde D. Afonso Henriques até D. Manuel II…o que é claramente uma ofensa para qualquer português que se preze
Porquê?…porque se mede a riqueza (a independência, o esforço das descobertas , a lusofonia, o sentido de Nação, a cultura…etc, não entram na medida de riqueza porque não é possivel atribuir-lhes um valor…muito embora contribuam para um maior nivél de vida)
e por outro lado, Portugal não tinha comboio nem fábricas logo no sec 11, o que leva ao 3º erro:
3º erro: teoria económica
Medina Carreira sabe (ou finge não saber) que comparar o periodo final da monarquia com a decada de 50 e pôr tudo no mesmo “tacho” sem as devidas atenções é como comparar uma moinho com uma fábrica de componentes electrónicos e supor um menor do que o outro.
Sem querer recorrer aos coclos de Kondratiev ou á teoria dos ciclos económicos de Bernard Lonergan Medina Carreira deveria ter salvaguadado o facto de que o perido final da monarquia ainda corespondia a uma fase inicial do ciclo económico…ainda se investia em infraestruturas básicas que iriam impulsionar um crescimento económico exponensial..facto que só ocorreu em Portugal com um atraso de 30 anos, porque a Republica anularia e congelaria o tecido económico durante o periodo de 1910 a 1930
Um pequeno exemplo: A rede ferroviária que se construiu no reinado de D. Luis-D. Pedro V irira durar intocável por mais de 100 anos, sem que durante esse periodo tivesse sido acrescentado algo, basta lembrar a Linha do Tua que tem 120 anos e que a Republica apenas soube reduzir e cortar à falta de capacidade para manter.Óbviamente que esse esforço era excessivo para um só orçamento, mas necessário para sustentar crescimentos posteriores.Mas tal não invalida que no último ano do reinado de D. manuel se tenha crescido à taxa de 4%!
A tendencia de longo prazo (linha curva ponteada) demonstra as diversas fases diferentes do ciclo
Uma clara diferença entre investir e consumir torna ridicula a interpretação feita pelo eminente fiscalista.Nem em Portugal se investiu tanto como no periodo Fontista de 1855, quando Portugal efectivamente nem estradas nem pontes tinha…resta saber se com a afirmação de estarmos próximos do periodo da monarquia iremos implodir e destruir todas as pontes, estradas, escolas e demais infraestruturas criadas nesse periodo pelos Reis, regredindo Portugal para uma economia similar ao do Afeganistão
Demagogia tem limites.
4º erro: qualidade de vida
E dificil comparar algo tão complexo como a qualidade de vida, mas é mais eficaz comparar a evolução portuguesa com as economias mais desenvolvidas do que a medir em termos absolutos:
De facto, e chega a ser hilariante, Portugal apenas esteve mais próximo durante o reinado de D. Maria II, periodo onde apesar de se ter conseguido orçamentos equilibrados e crescimento notáveis não impediu o surgimento de radicalismos e movimentos politicos violentos de contestação e demagogia
5º erro: falta de capacidade
Qualquer economista sabe que para crescer e aumentar o nivel de vida é preciso investir (implica gastar dinheiro) e investir bem.
Para ter este factor é necessário que os mercados financeiros acreditem nas capacidades internas para cumprir os pagamentos (nenhum investidor empresta para perder).Para isso não contribui a recorrência á frase “estamos falidos/sem dinheiro”, que tanto se ouve ultimamente por parte de quem sabe que isso não funciona. Nem tão pouco contribui a redução do apoio social, já que não existem empregos nem o dinheiro “amealhado” seria suficiente para as necessidades de investimento nacionais.
A falta de capacidade estratégica que não havia durante a Monarquia foi substituída pelo “barulho” dos partidos politicos e respectivos esbirros que à falta de soluções acusam-se mutuamente.
Esta práctica não é alheia a uma certa escola financeira que apenas aprendeu a não investir seriamente no sector privado, estrangulando-o com o investimento publico, deixando a dinâmica privada para grupos económicos estrangeiros, que entretanto descobriram a Ásia e o Leste para investir.
Medina Carreira faz parte dessa escola, a práctica de acumular “debaixo do colchão” todos os tostões, ignorando o facto de que sem mercado interno não existe qualquer economia nem ao Estado caberá todo o investimento, mas apenas o facilitar do crescimento da iniciativa privada…esse “monstro anti-democrático” que a Republica aprisionou nas suas redes partidárias por perigar a sobrevivência das clientelas partidárias
6º erro: a existência de apenas um regime..o republicano
Erro comum de muitos analistas, preverem o “fim da Pátria” esquecendo-se que o português é o trabalhador mais produtivo fora de Portugal e o menos produtivo dentro do seu próprio País.
A conclusão é simples, o sistema partidário republicano estrangula a iniciativa privada deixando aos mais empreendedores apenas o estrangeiro como fuga para evidenciarem as suas capacidades, as mesmas que levaram Portugal para os sete cantos do Mundo quando este julgava a Terra plana.
Portugal não existe há apenas 100 anos, mas sim há quase 900 .
Em altura alguma da Monarquia (tirando a grave crise do sec XVI) -e são 800 anos- tiveram os Reis a incapacidade agora evidenciada pelo Chefe de Estado de apenas ter “a solidariedade”
Foi para isto que se acabou com a monarquia?
É isto a “igualdade de oportunidades” tão propelada pela Republica?
Portugal jamais findará, por muito que os pessimistas assim o queiram
Tal deve-se á enorme capacidade do seu povo para ser independente do Estado inoperante que gravita em torno de si, tal como D. Duarte diz:
«se queremos alguma coisa temos de fazer por ela». Ou seja, continuou, «queremos a economia nacional, mas depois compramos os produtos estrangeiros. Vejo na Madeira, por exemplo, a venderem bananas da Colômbia, vejo na Madeira e no Continente, os portugueses comprarem produtos estrangeiros quando os portugueses não conseguem ser vendidos. Isto não pode ser, é um absurdo»
Portugal precisa deste sentido de auto estima e independência de espírito, não de esbirros que nos chama a todos nós , portugueses, de “parasitas do estado” em prime time para qualquer estrangeiro se rir.
Jamais foram os portugueses “parasitas” ou incapazes
Como Baptista Bastos afirmou, os portugueses desenvolveram uma capacidade bovina para serem atropelados..para aceitarem toda a espécie de critica
Já vai tempo de acabar com o pessimismo e a inépcia de quem à falta de capacidade apenas sabe dizer mal. Críticos somos todos, soluções é que só os capazes
Enquanto existir Portugal, existirão os portugueses e haverá sempre o seu Rei.Tal como a pedra que suporta os castelos ,jamais esta será fendida pela festa irresponsável que corre acima dela.
Em 100 anos nunca conseguiram os republicanos apagar a Monarquia, pois esta é tal como Portugal, perene e eterna
Fonte : Somos Portugueses
Publicado por Rui Paiva Monteiro em "Causa Monárquica"
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