PROPOSTA DO PPM FOI APROVADA POR UNANIMIDADE NA ASSEMBLEI MUNICIPAL DE LISBOA
O Teatro de São Carlos, em Lisboa, tem um “espólio riquíssimo, que não está tratado” e que justificaria a criação de um espaço museológico. A recomendação para a criação de um museu do Teatro de São Carlos, apresentada pelo Partido Popular Monárquico (PPM), foi já aprovada por unanimidade pela Assembleia Municipal de Lisboa.
“O São Carlos é um teatro do século XVIII e não está no circuito de teatros do século XVIII na Europa”, lamenta a investigadora Aline Gallash-Hall, que integra o grupo municipal do PPM e conhece bem a história deste espaço. Inaugurado em 1793, o São Carlos sofreu algumas remodelações nos anos de 1940 que diminuíram a qualidade acústica. Porém, explica Aline Hall, “ainda mantém as roldanas originais, muita maquinaria de cena original, barroca, e há muita coisa espalhada por todo o teatro, desde guarda-roupa a cenários de Luigi Manini [pintor e cenógrafo italiano que foi o autor dos palácios da Regaleira e do Buçaco]“.
No texto que apresentou à assembleia municipal, o PPM afirma que muito deste material está armazenado em condições “que põem em risco esse espólio fundamental”. E propõe que a Câmara Municipal de Lisboa inicie conversações com o Ministério da Cultura para a criação de um museu, para evitar “a degradação e a total destruição dessa herança patrimonial e cultural”, e, ao mesmo tempo, “rentabilizar” o conhecimento e a experiência dos trabalhadores da câmara, envolvendo-os neste projecto.
Fonte do São Carlos confirmou ao PÚBLICO a existência deste espólio, nomeadamente dos cenários da autoria de Manini, e disse que foi recentemente criado um “núcleo histórico” com funcionários do teatro para tratar e organizar este acervo.
O texto do PPM sublinha o que considera ser a originalidade do São Carlos afirmando que o facto de manter “quase toda a estrutura original” faz dele “um caso pouco frequente a nível mundial”. Além disso, lê-se ainda no texto, “as suas semelhanças no interior ao Teatro S. Carlos de Nápoles e, no seu exterior, ao La Scala, de Milão, fazem dele um exemplar único no mundo”.
Construído em apenas seis meses, segundo um estilo neoclássico, pelo arquitecto José da Costa e Silva, o São Carlos foi inaugurado a 30 de Julho de 1793 pela rainha D. Maria I, para substituir a Ópera do Tejo, destruída pelo terramoto de 1755.
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