DIA DE CHAVES, 8 DE JULHO
Foi um momento inesquecível. Agora mesmo, no programa “Portugal Directo“, da RTP1. A reportagem deslocou-se a Chaves, onde decorrem as festas da cidade, especialmente interessada nas comemorações do Centenário da República. A entrevistadora, excitadíssima, chega-se a um cavalheiro de meia-idade, a querer saber da heroicidade dos flavienses na História do Regime. Por quê o «8 de Julho», o «dia da Cidade»?
O entrevistado, que por acaso se chamava Estevão Rei, não sabia. E justificou-se – ele somente fazia parte da Comissão de Festas; para essas coisas da História estava ali o Sr. Pissarra Bravo.
Para quem também não saiba, 8 de Julho foi a data, em 1912, em que a 2ª Incursão Monárquica foi sustada, após demorado e árduo combate em que os republicanos, entricheirados dentro da cidade de Chaves, lograram impôr às tropas monárquicas um número significativo de “baixas” e a total exaustão, à mingua de água, víveres e munições.
Disso mesmo falou o Sr. Pissarra Bravo. Começando logo por declarar que dificilmente encontraria motivo e dia mais triste para celebrizar e celebrar a sua terra.
«Foi uma guerra civil, irmãos contra irmãos. Um meu bisavô, republicano, nesse dia combateu contra outro meu bisavô, monárquico!»
A entrevistadora principiava a baralhar… Prosseguia o entrevistado:
«Isto não tem nada a ver com monarquias e republicas. As monarquias europeias são as mais cuidadosas defensoras da república».
A entrevistadora, com cara de quem ignora o latim, embasbacava…
«E olhe, eu prefiro mil vezes um D. Juan Carlos que se vira para o outro e lhe diz “por que no te callas?” do que um presidente que diz que não concorda com uma lei mas tem medo de a vetar»…
Pois, pois, – a entrevistadora, desnorteada, tirou a palavra ao Sr. Bravo, antes que ele proclamasse a Monarquia em Chaves, para glória de um seu bisavô e redenção do outro, e chamou a correr outro cavalheiro, mais novo, o responsável por um ciclo de filmes moderno integrado nos ditos festejos.
E enquanto escrevo estas palavras, o “Portugal Directo” ainda permanece lá para aquelas bandas nordestinas. Agora a discorrer sobre o presunto e os pasteis de Chaves, naturalmente.
Publicada por João Afonso Machado
(Fonte: Centenário da república")
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial