UM CÂNTICO DE DOR E EXALTAÇÃO
- Tivemos uma pátria? Como era?
Conta-me a história. Não conheço a História.- Era a primeira nave a desenhar a esfera.
Era uma fé, uma aventura, a glória!
- E perdemo-la, quando?
- Quando as plagas
Da África venceram uma esperança imperial.
E a grande perdição trouxe, nas vagas,
Destroços, ossos, sangue e lágrimas de sal.
- E não mais fomos nós?
- Não mais, não mais...
Romperam com espadas a fronteira,
Negaram-nos o nome e os ideais,
Esvaziaram os cais,
Arriaram, das torres, a bandeira.
- E agora?
- Agora, resta esta saudade, esta agonia.
Quem tem alma ainda chora...
- Até um dia. Vai haver um dia!
(Foram sessenta anos de demora!)
Mas veio o dia. Que uma pátria assim
Não morre de silêncio e escravidão.
O vigor do heroísmo lhe tocou um clarim
E a ergueu, em sentido, do seu chão.
Reconquistou o nome e o direito
De ter voz entre as vozes que calavam de medo;
E, ao estreitar um filho ao peito,
Poder mostrar-lhe livre a terra do degredo.
E livre, ao fim do tempo, há-de permanecer
Em cada nova esperança no antigo ideal.
Ainda que seja um palmo, onde couber
O orgulho de ser-se Portugal.
Etiquetas: No 1º de Dezembro de 2008, um poema de António Manuel Couto Viana
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