CORREIO DA MANHÃ - REFERENDO AO REI E À CONSTITUIÇÃO
Treze milhões de marroquinos devem ir hoje às urnas para aprovar a nova Constituição do país. Raúl M. Braga Pires, investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto e professor na Universidade Mohamed V, em Rabat, diz ao Correio da Manhã que se trata de “uma espécie de plebiscito ao rei”. Ou seja, a maioria dos marroquinos vota ‘sim’ a Mohamed VI e não tanto ao texto da nova Constituição, que muitos desconhecem.
É difícil encontrar outra resposta que não seja esta entre os entrevistados que se manifestam a favor ou contra a reforma constitucional. O CM assistiu a pequenas manifestações ontem e quarta-feira em frente ao Parlamento e ao Ministério do Desenvolvimento Social em Rabat, a capital política de Marrocos, e quando se pergunta em quem vão votar hoje, a resposta é quase sempre a mesma: “Vou votar ‘sim’ ao rei.” Benefqih Abdlesfelam, 54 anos, foi dos poucos que acrescentaram: “O primeiro-ministro e o Parlamento vão ter mais poderes, temos a Democracia.”
Enquanto os partidos parlamentares apoiam massivamente a aprovação da nova lei fundamental, as 93 associações que compõem o Movimento 20 de Fevereiro defendem a abstenção como forma de protesto. Braga Pires diz que é uma forma de evitarem ficar ligados ao reduzido número de eleitores que vão escolher o ‘não’.
O professor português prevê por isso uma taxa de aprovação na ordem dos 90%. A única dúvida está no valor da abstenção.
DISCURSO DIRECTO
“O REI É ADORADO POR TODOS”, Raúl M. Braga Pires, Professor na Univ. Mohamed V
Correio da Manhã – Marrocos pode ser comparado a países como a Líbia ou a Síria?
Raúl M. Braga Pires – Não, porque há uma monarquia e o rei tem o estatuto de um semideus, é adorado por toda a gente. Tem o título oficioso de ‘rei dos pobres’ e tudo tem feito para um desenvolvimento regional simétrico.
– Marrocos está a caminho de se tornar uma democracia do tipo ocidental?
– Estas reformas têm a ver com o contexto regional mas também são uma resposta de Marrocos à atribuição do estatuto de parceiro privilegiado da UE, que obrigou a contrapartidas políticas. É preciso continuar esse caminho.
Publicado por Rui Paiva Monteiro em "Causa Monárquica"
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