sexta-feira, 3 de junho de 2011

DIA NACIONAL DO BOMBEIRO

Emblema do Corpo de Bombeiros

Dia Nacional do Bombeiro – Historia da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lisboa

Em 1868 a Farmácia Azevedo, no Rossio, era o ponto de reunião de destacadas personalidades, numa época em que o serviço de incêndios na capital não estava à altura do que deveria de ser.

Farmacia Azevedos - 2011

A população da cidade deveras se preocupava com os numerosos e violentos incêndios que, por toda a cidade, se manifestavam sem ser possível dominá-los convenientemente por deficiência de pessoal e material, dada a exígua verba destinada pelo erário municipal aos respectivos serviços.

Às conversas da Farmácia Azevedo assistia Guilherme Cossoul, que em dia de acesa discussão com o vereador do Serviço de Incêndios, Dr. Isidoro Viana, alvitrou que se organizasse uma Companhia de Voluntários Bombeiros a exemplo do que se fazia no estrangeiro. Cossoul soube contagiar os ouvintes, fez propaganda e, no mesmo mês, promovia uma reunião no edifício da Albegoaria Municipal, onde estava instalada a Inspecção dos Incêndios. Esta reunião deu corpo à formação da Companhia de Voluntários Bombeiros, sob o lema HUMANITAS, VITA NOSTRA TUA EST.

Integraram esta primeira formação Abraão Athias, Domingos, Henrique F. Jauncey, Eduardo Costa Coimbra, Guilherme Cossoul, Francisco Alfredo Nunes, Isidoro José Viana, o Visconde de Ribamar, Darlaston Shore, John B. Jauncey, Yosef Amzalak, Francisco Gellespie, António Campos Valdez, André de Aquino Ferreira, Manuel Nunes Correia Júnior, José Mendes de Carvalho Júnior, Walter Daggs, João Maria da Silva, Francisco Manuel Mendonça, Carlos Nandim de Carvalho, Oswald B. Ivens, José Vargas Ollero, Horácio Jauncey, o Capitão Felipe de Mesquita, Francisco Alves da Silva Taborda e Carlos José Barreiros.

Comandante Guilherme Cossoul
Guilherme Cossoul foi nomeado Capitão-Chefe dos Bombeiros Voluntários por El Rei Dom Luís, e empossado Comandante da nova Companhia, sendo alugada uma casa na Travessa André Valente para quartel e recolha da bomba braçal, encomendada ao Industrial Cannel por 180.000 réis.Na Travessa André Valente recrutaram-se condutores e os aguadeiros dos Chafarizes de São Paulo, Rua Formosa, Tesouro Velho e Carmo. Marcaram-se exercícios para todas as quintas-feiras, e assim tornou-se realidade a aspiração daqueles beneméritos cidadãos.

O Príncipe D. Carlos adere como sócio para que a Companhia ostentasse o Título de Real, e na histórica tarde de 18 de Outubro de 1868 fazia-se, no pátio da Albegoaria Municipal, o primeiro exercício público, com bomba.

O baptismo de fogo dos novos bombeiros deu-se na madrugada de 22 de Outubro de 1868, no edifício das Tercenas, na Travessa da Praia de Santos, 1 a 7. O povo, apreciando e querendo distinguir os novos soldados da paz, que tanto entusiasmo mostravam na sua arriscada e desinteressada missão, passou a distinguí-los com a denominação de Bomba dos Fidalgos. Do relatório apresentado à Câmara Municipal de Lisboa pelo Inspector de Incêndios Sr. Carlos José Barreiros, relativo ao estado do Serviço de Incêndios em 1870, destacamos esta passagem:

Conheça SAR Dom Carlos
“Ocupando-me de bombeiros não posso terminar sem aproveitar o ensejo de pagar o devido tributo de homenagem e reconhecimento à Humanitária Associação que sob modesto Titulo de Bombeiros Voluntários tantos e tão apreciáveis serviços tem feito a esta cidade nos dois últimos anos. Alguns dos sócios, que têm procurado instruir-se, já são bombeiros tão aptos como os homens de profissão, e não só se chegam para o fogo, mas como batem-se com tanto acerto e tanto sangue frio como eles. Prosperam rapidamente em Inglaterra e mesmo em França, as sociedades desta índole, havendo algumas que possuem, alem dum excelente material de socorros, um pessoal respeitável, tanto pelo número e qualidade como pela instrução. No nosso pais é uma ideia apenas nascente, mas prometedora, porque já tem adquirido incontestáveis direitos não só aos aplausos, mas como a bênção do público”.

A 26 de Novembro de 1880 falecia Guilherme Cossoul, sucedendo no comando Darlaston Shore, e neste ano a Real Companhia de Voluntários Bombeiros transformou-se, por imperativos legais, no Corpo de Bombeiros da Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa.

Em 18 de Maio de 1885 realizou-se, no hipódromo de Belém, um concurso de ginástica, organizado pelo Real Ginásio Clube Português, e entre os números do programa figurava um simulacro de incêndio.

Os Voluntários de Lisboa se apresentaram e executaram as manobras, a que o clube organizador conferiu diploma e medalha de prata “pelo arrojo e perícia dos seus componentes”.O uniforme dos sócios activos consistia em calça e casaco de tecido azul, este com duas ordens de botões, charlateiras de três pernas de verniz preto, cinto de couro, machado com guardas de metal, espia entrelaçada a tiracolo, e capacete de couro do padrão dos Bombeiros Municipais de Lisboa, com um emblema composto por um V sobreposto por dois machados cruzados, e encimado pela coroa real.
Em Outubro de 1889 o corpo activo era comandado por John B. Jauncey, tendo 30 bombeiros e 30 auxiliares (condutores e aguadeiros), com duas Estações. A 1ª era na Rua das Flores (onde hoje se encontra a oficina), e a 2ª na Rua dos Navegantes a Lapa.

Em 1906 o material da Associação foi enriquecido com a aquisição de uma bomba a vapor da casa Shand Mason & Co., de Londres, que seria um elemento do maior valor para o combate a fogos, por ser a única do tipo na cidade. Devidamente apetrechados e formados, marcaram os Voluntários de Lisboa, nesta época, um dos padrões mais gloriosos da vida da Bomba dos Fidalgos.

A 18 de Outubro de 1918, quando a associação celebrava as bodas de ouro, a Câmara Municipal de Lisboa criou a Unica medalha de Ouro Vernil da Cidade de Lisboa, conferindo-a à Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, pelos grandes e prestigiosos serviços à cidade.

No ano de 1919 a República pela primeira vez conferiu a uma Associação as insígnias de Valor, Lealdade e Mérito, ao conceder o grau de Oficial da Ordem da Torre e da Espada aos Bombeiros Voluntários de Lisboa, por actos excepcionais de abnegação e sacrifício pela Pátria e pela Humanidade.

Ao longo do seu historial, que já não é pequeno, à Bomba dos Fidalgos foram-lhe concedidas as Ordens de Cristo (Cavaleiro e Oficial), do Infante Dom Henrique, e a da Benemerência (Comenda), bem como é possuidora de todas as mais altas condecorações de bombeiros em nível nacional.

Veja todas as condecorações do CBVLisboa em:
Publicação de Rui Paiva Monteiro em "Causa Monárquica"

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial