quinta-feira, 11 de março de 2010

ÉTICA: MAIS DO MESMO? Por Dom Vasco Teles da Gama (*)

Todo o País se indigna com as “guerras” entre Governo e Comunicação Social, com as reveladas cumplicidades entre aquele e as altas instâncias do Poder Judicial e com o conhecimento de tentaculares manipulações de bancos e empresas públicas, com vista a silenciar jornalistas críticos ou incómodos.

Isto, envolvendo um primeiro-ministro recém-eleito por falta de alternativa credível, apesar de serem já sobejamente conhecidas muitas das aldrabices e trapalhadas em que se encontrava envolvido, desde a licenciatura ao Freeport.

Em crise económica e financeira sem fim à vista, pelo constante e irresponsável aumento do funcionalismo público, usado como moeda de troca pelos partidos do poder durante décadas, agravada pela conjuntura internacional e pelo consequente aumento do desemprego interno e pelo inerente aumento de custos para a segurança social, era a última coisa de que Portugal precisava.

Alguns ingénuos, eventualmente convictos da bondade do regime, apelam a Belém para intervir, no sentido de devolver a credibilidade ao Estado que devia ser de Direito, mas em que este se encontra perdido em paradeiro incerto.

Infundada esperança, porque o Senhor Cavaco Silva, enredado na sua própria agenda política, mantém o silêncio, talvez à espera que o seu partido de origem se reorganize e eleja um novo líder, que lhe permita enfim dissolver o parlamento e convocar novas eleições, como já sucedeu há anos com o seu antecessor, numa esplendorosa manifestação do que eles chamam de ética republicana, que nos valeu a todos, estes anos de confusão, promiscuidades e mentiras.

Mas não se pense que o defeito está nas pessoas que ocupam os cargos. Enquanto não entendermos que só com outra origem de poder o chefe de Estado se pode constituir como fiel da balança e agir em nome de toda a comunidade, sem suportar o labéu de influenciar o jogo político a favor do partido que o apoiou para ser eleito, podemos estar certos de iremos ter, com regularidade, mais do mesmo.

A centenária e caquética república precisava, para se regenerar e nos servir, de uma chefia de Estado Real.

(Fonte: Quinta-feira.com)

(*) Presidente da Assembleia Geral da Real Associação de Lisboa e Membro do Conselho Monárquico da Causa Real

1 Comentários:

Anonymous Nuno Castelo-Branco disse...

Disse o essencial, Vasco.

13 de março de 2010 às 10:45  

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