As perguntas que já ninguém faz… ou: Porque diabo isto nos está sempre a acontecer?
(Foto original, de José Relvas na proclamação da República em 5 de Outubro de 1910)
A trama persecutória contra o Estado de Direito Democrático, alegadamente desenvolvida pela teia montada pelo partido político, sucessivamente apegado ao poder, e no intuito de nele se perpetuar, não será, para nós portugueses, situação ímpar ao longo das últimas décadas, onde "o polvo" tem lançado os seus tentáculos, de cada vez mais fortes e profundos no cerne da nossa precariamente protegida e desavisada sociedade.
A julgar pelas denúncias vindas a público, substancialmente difundidas por alguns órgãos da comunicação social, que corajosamente, ultrapassando os entraves postos à sua divulgação, as deram a conhecer de forma concreta e factual, observamos um caso gritante de profundo atropelo às instituições democráticas. Se para tanto, o poder judicial, aparentemente em atitude de conluio com o poder político – quiçá também ele atingido por algum "tentáculo" que lhe tolhe os movimentos e o impede de prosseguir com firmeza os desígnios que justificam a sua própria existência -, se atrever a julgar os factos precisos e verbalmente documentados, podemos, então, respirar de alívio, por a justiça de um normal Estado de Direito Democrático, se impor perante o gigantesco cefalópode, que teima em nos subjugar, de modo incólume, há já demasiado tempo.
Apesar de não ser pessimista, tenho de confessar que estou descrente em relação a um bom encaminhamento de todo o processo, de forma a que tudo se esclareça a bem, e se reponha a legalidade. No próprio acto de implantação da República, documentado pela fotografia da época que acima exponho, onde se poderá verificar o "enorme entusiasmo" (?) demonstrado na "grande afluência" (?) da população lisboeta, cabalmente documentada pela aparição casual de meia dúzia de transeuntes completamente alheios ao acto, se poderá avaliar o quanto foi (e continua a ser) desejado este regime político, que nos encerra nesta demagógica "fraternidade, liberdade e igualdade", que de forma trágico-cómica, que para nosso próprio mal, vêm proclamando de modo insistente.
Naquele tempo, tal como hoje, deturpando a realidade através da instrumentalização contínua dos meios de comunicação social, influíram decisivamente na opinião pública portuguesa, condicionando a opção de escolha e o voto nos vários actos eleitorais que se foram seguindo ao longo dos anos.
Posto isto, a questão a colocar com toda a probidade, uma vez provados os ilícitos acima apontados, deverá ser sobre a legitimidade de actos eleitorais, estando na circunstância os eleitores sujeitos a uma gigantesca operação de marketing, apoiado por campanhas intoxicantes, emanadas de alguma comunicação social ao serviço de forças político-partidárias específicas. Creio não restarem dúvidas sobre a ilegitimidade dos resultados de tais sufrágios.
Uma outra questão a colocar, para mim bastante pertinente, será: porque razão temos mantido, desde há um século, um regime político – implantado no momento registado na foto que inicia este pequeno artigo -, que propicia o aparecimento de tão funestas situações, que descredibilizam o Estado, destratam as populações e empobrecem sobremaneira o erário público.
Se não tivermos a coragem de avançar com uma mudança profunda de regime e não cortarmos os tentáculos que nos mantêm reféns de tais situações anómalas, continuaremos, de forma incessante, a colocar questões que nunca terão resposta minimamente satisfatória.
Bem-haja
Luiz Andrino
(Fonte: LuizAndrino Blog)
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